terça-feira, 31 de março de 2020

CTI Empresarial e o desemprego - Artigo Jornal - MAR/2020


CTI Empresarial e o desemprego

Veio a primeira onda. Houve medo. Medidas drásticas. Isolamento. A ameaça não poderia se proliferar tão rapidamente. Precisava-se de tempo. Risco de colapso. Demos conta. Furamos a onda. Mas quando voltamos à tona, vinha a segunda onda.

Muitos pensaram que somente havia a primeira, pois pela sua altura, perdeu-se a referência da linha do horizonte. Mas tinha outra, tão grande que assustou mais ainda. Ainda bem que muitos já tinham percebido que haveria essa também. E tentaram tomar providências antecipadas, mesmo quando poucos percebiam ou aceitavam.

Então, hospitais de campanha foram criados para tratar dos pacientes empresariais. Uns pequenos, outros grandes. Uns informais outros não. Uns com expressivas folhas de pagamento. Outros com apenas o próprio dono responsável por tirar daquela microempresa o seu sustento e de sua família.

No CTI, ventiladores mecânicos tentavam dar a sobrevida para permitir que aquelas firmas hospitalizadas tivessem como respirar. Precisavam de crédito para absorver os prejuízos acumulados mensalmente pela falta de oxigênio oriunda da queda de faturamento. Os clientes que estavam no ar, não compravam, pois no ar havia uma possibilidade invisível de contaminação, anestesiando o mercado.

Algumas muito debilitadas tiveram que ir para a sala de cirurgias. Tiveram que amputar braços e pernas. Alguns órgãos foram removidos e com isso muitos empregos tiveram que ser eliminados. Mas era a única chance de sobreviver, pois assim, poderiam tentar pelo menos diminuir os custos que mantinham o corpo vivo.

O cenário era catastrófico. Todos os dias, muitas empresas saíam mortas do hospital. Todas as poupanças ficaram pelo caminho tentando dar sobrevida ao negócio. E sem nenhum dinheiro, muitas endividadas, as pessoas não sabiam como fariam para colocar o alimento dentro de suas casas. Famílias choravam sem saber o que fazer ao ver sua fonte de sustento sumir trazendo incerteza, angústia e desespero.

Aquelas que ficaram em pé tentaram entrar em programas de assistência de um Estado também quebrado. No entanto, não podiam se beneficiar, pois todas as suas certidões estavam com apontamentos restritivos. Mesmo tendo alta do hospital, sem nenhuma reserva financeira, não conseguiriam mais andar pelos mesmos mercados. Sua estrutura definhou e agora, para adquirir novamente seu vigor, teriam que se sujeitar aos elevados juros das pseudo linhas de crédito para fomento e desenvolvimento.

Já acordado, pensei: será apenas um pesadelo? Para alguns esse texto não fará sentido. Mas é realidade para muitos, letrados ou não, que vivem empresas de todo porte. As necessidades de ação nesse momento exigem ponderação e união. Muitos insistem em pensar que existe apenas uma onda. Mas existem duas. E por isso é hora de refletir, dialogar e assim conjuntamente apontar as melhores saídas para esse momento tão difícil da nossa história. Com fé, paciência e muito trabalho, vamos sair dessa! Que Deus abençoe a todos!


Braulio Lara
Empresário e Morador do Bairro Buritis (Belo Horizonte/MG) – 38 anos; Professor do Curso de Engenharia Civil da UNI-BH; Mestre em Ciência da Computação pela UFMG; Pós Graduado em Gestão de Custos e Controladoria pela UNI-BH; Bacharel em Ciência da Computação pela UNI-BH; Técnico em Eletromecânica pelo CEFET-MG; Corretor de Imóveis registrado no CRECI (Diretor da SOLIMOB Netimóveis);

Artigo publicado no jornal Folha Buritis em 31/03/2020