quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Confira na íntegra a 4ª Reunião da CPI da LAGOA DA PAMPULHA

 



A Lagoa da Pampulha serviu de quintal para que a 

Andrade Gutierrez crescesse suas galinhas dos ovos de ouro

A declaração foi dada por Vittorio Medioli na CPI que investiga e

fiscaliza os contratos celebrados para a limpeza da lagoa

A Comissão Parlamentar de Inquérito da Lagoa da Pampulha teve mais um capítulo na manhã desta quinta-feira, 23 de fevereiro, na Câmara Municipal de BH. Vitorio Medioli, prefeito de Betim, foi convidado a debater sobre a eficiência da limpeza da lagoa quando em 1993 realizou a retirada de aguapés que tomavam o espelho d’água sem custo para a cidade. Durante as mais de duas horas de reunião o empresário falou desta experiência e afirmou que a Lagoa da Pampulha foi um feudo, um quintal, uma granja da empresa Andrade Gutierrez para fazer crescer as galinhas dos ovos de ouro.

De acordo com Vittorio Medioli a empresa deixou um passivo ambiental imenso na Lagoa da Pampulha desde a década de 70. “Eu acho muito espantoso que a condução da limpeza da Lagoa da Pampulha tenha passado por vários prefeitos da mesma forma e nada foi feito. Parece que todo esse tempo foi para enriquecer alguém ou algum grupo financeiro”.

O prefeito de Betim afirmou ainda que a Andrade Gutierrez, que é uma das empresas que atuou na “despoluição” da lagoa, é uma empresa que se envolveu em grandes esquemas de corrupção por todo Brasil e virou sinônimo de bandalheira. “Grande parte das obras investigadas apareceram com problemas. Inclusive na delação premiada da Operação Lava-Jato, seus sócios citaram a Pampulha como moeda de troca”.

Durante seu depoimento, Vittorio Medioli relembrou o êxito na retirada dos aguapés da Lagoa da Pampulha. “Quase ninguém acreditada. Entre os anos de 1992 e 1993 foi a explosão dos aguapés no espelho d’água e a prefeitura dizia que não tinha recursos para a fazer a limpeza. Naquela época procurei o então vice-prefeito Célio de Castro e fiz proposta da retirada dos aguapés sem custo para o município. O prefeito da época, Patrus Ananias, cedeu e em três meses a lagoa estava limpa”, afirmou.

Vittorio Medioli relembrou que a limpeza dos aguapés em 1993 custou R$ 250 mil, muito diferente do contrato assinado entre a PBH e a Andrade Gutierrez no valor de R$ 8 milhões na década de 1980. Ele lembrou ainda que foi retirada da Lagoa da Pampulha uma quantidade equivalente a 25 mil caminhões basculantes de aguapés. “Daí vem a constatação de que já se passaram 30 anos da limpeza da Pampulha e nada foi feito. Já foram gastos centenas de milhões de reais em uma lagoa que está sendo maquiada e o que vemos é uma falta de informação inexplicável”, afirmou.

O empresário deixou um recado para os gestores da prefeitura de BH. “A meu ver a forma que está sendo conduzida hoje a limpeza da lagoa é ineficiente e onerosa. O que deve ser feito é o estudo das origens dos resíduos sólidos, quantificar o que entra na lagoa e planejar os próximos 20, 30 anos. Outra sugestão é fazer o rebaixamento da lagoa anualmente nos meses de agosto e setembro. Esse serviço não é feito desde 2009 e é muito importante para que ela possa receber as cheias dos córregos Ressaca e Sarandi”, finalizou Vittorio Medioli.

O vereador Gabriel Azevedo, presidente da Câmara Municipal de BH, também esteve presente na reunião e alertou para a coincidência do não rebaixamento da lagoa desde o ano de 2009. “Foi naquele ano que assumiu o então secretário de obras e atual secretário de governo, Josué Valadão. Queremos saber o porquê de a lagoa não ter sido mais rebaixada para remover seu assoreamento. Há algum esquema ou corrupção que transforma todo esse lixo em dinheiro?

Relator da CPI da Lagoa da Pampulha, o vereador Braulio Lara (NOVO) afirma que a participação de Medioli na comissão parlamentar contribuirá bastante com os trabalhos. “Tivemos um depoimento bastante rico de informações. As técnicas usadas ainda em 1993 foram eficazes, mas o que vem sendo feito pelas empresas contratadas pela prefeitura nestas últimas décadas para fazer a limpeza da lagoa não vem surtindo efeito. O que está acontecendo? Como é que se resolve este problema? Ninguém sabe. A Lagoa da Pampulha é o cartão postal de BH e parece que querem mantê-la suja, pois quanto mais poluída, mais dinheiro para despoluir. É isso que estamos investigando e não deixaremos passar em branco”, afirmou.

Professor Juliano Lopes (AGIR), presidente da comissão, enfatizou que os atuais contratos deveriam ser suspensos e uma auditoria deveria ser feita. “É o mínimo que o nosso prefeito poderia fazer neste momento. O Fuad Noman fará um ano à frente da prefeitura no próximo mês e poderia dar de presente ao belo-horizontino este presente”, finalizou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário